V-Moraes

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A rosa de Hiroshima

(Composição: Vinícius de Moraes)

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

(Fonte: http://www.viniciusdemoraes.com.br/poesia/sec_poesia_view.php?busca=A%20rosa%20de%20Hiroxima&acao=buscar&id=188&id_tipo=7&back_page=1)

O conteúdo desse poema diz respeito às consequências do lançamento da bomba atômica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, que eram na época cidades importantes economicamente e militarmente.
O autor promove uma visão humanitária sobre os saldos do bombardeamento, no qual várias pessoas morreram e outras sofrem até hoje com a radiação que foi emitida. Muitas pessoas que tinham uma vida toda pela frente tiveram seus sonhos interrompidos por nada, o rumo de suas vidas foi alterado. Algumas crianças que sobreviveram perderam suas famílias, sem falar nas sequelas físicas.
A rosa representa a vida que restou em Hiroshima, que é retratada como algo frágil, porém vitorioso.
A anti-rosa é justamente a bomba lançada para destruir a rosa, a vida, um elemento não-vivo que tem apenas o (des)prazer de acabar com o que foi feito.
Em termos gerais, o poema é uma manifestação pacifista e antinuclear, lançada em plena ditadura militar no Brasil.